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No dia da Consciência Negra, diretores de escolas estaduais quilombolas ressaltam a luta em manter as tradições ancestrais

Por Silvio Oliveira
- 20/11/2023 17:14:00
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São quatro escolas estaduais em comunidades remanentes de quilombos em Sergipe, com um total de 987 alunos matriculados

 

Sergipe possui 32 comunidades reconhecidas e certificadas como quilombolas, localizadas principalmente, nos territórios do Agreste, do Sul Sergipano e do Baixo São Francisco. Em quatro dessas comunidades quilombolas – Brejão dos Negros (Brejo Grande), Ladeiras (Japoatã), Mocambo (Porto da Folha) e Porto D’Areia (Estância) –  há a presença de escolas estaduais contando com uma matrícula de 987 alunos e 60 professores, ou seja, centros que vão além do pedagógico e são considerados pontos de resistência, de atividades sociais e culturais da comunidade. 

 

A escolha dos gestores dessas escolas tem participação direta da comunidade, e o Projeto Político Pedagógico (PPP) abrange atividades voltadas ao respeito da história e da valorização das práticas antirracistas, diversas e equânimes.

 

Nesta segunda-feira, 20, data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, as 318 unidades escolares da rede pública estadual realizaram atividades e já vêm desenvolvendo projetos ao longo do ano. Nas quatro escolas, as atividades de Consciência Negra perpassam os muros e irradiam a comunidade, ou a comunidade irradia a escola com seus hábitos e costumes. 

 

No Brejão dos Negros, a segunda-feira é dia de festa, quando pelas ruas passa um cortejo composto por alunos da Escola Estadual Quilombola 3 de Maio e por populares da comunidade. O diretor Gilvan Pereira Honorato, na gestão desde novembro de 2018 por escolha dos moradores, explica que o PPP atende às leis que regem a educação nacional, o currículo de Sergipe, a resolução quilombola, sem deixar de contemplar os interesses da comunidade escolar e da cultura local. Ele diz que não se pode pensar em aprendizado diferenciado dos costumes da comunidade. A escola representa os costumes e hábitos da comunidade onde ela está inserida. 

 

Ele define o 20 de novembro com uma única palavra: respeito. “Eu não preciso de que as pessoas concordem comigo, assim como não preciso concordar com tudo que as pessoas fazem ou falam, mas é preciso ter respeito pelo outro, pela crença, pelo costume, pela opção sexual, pela liberdade, desde que não venha a prejudicar ninguém. Somos uma escola quilombola que também recebe alunos que não são quilombolas e que precisam conviver, compartilhar e desfrutar dos mesmos conhecimentos”, destacou.

 

A diretora do Colégio Estadual Otávio Bezerra, Maria Clarisse, unidade escolar localizada na comunidade Ladeiras, em Japoatã, explica que dirigir uma escola de povos tradicionais requer um olhar diferenciado. “A cada plano de ação e a cada planejamento precisamos estar atentos às suas especificidades, ancestralidade, a seu diferencial que nos encanta, nos envolve, nos apaixona, que nos alegra. Dirigir uma escola quilombola precisa ter essa sensibilidade do diferente, da inclusão, da diversidade, da autoestima, do protagonismo, da justiça da solidariedade. Somos desafiados a cada dia a mostrar a função social da escola”, define.