Agricultura familiar fornece alimentos saudáveis e de qualidade para alunos da rede pública estadual de ensino

Governo de Sergipe investe mais que o dobro estabelecido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar na aquisição de gêneros da agricultura familiar para a merenda escolar, garantindo alimentos frescos e nutritivos

Autor: Governo de Sergipe

Além da educação de qualidade, estrutura e climatização das escolas, a alimentação saudável nas unidades da rede pública estadual também é um foco do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed). A gestão tem investido na compra de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar, escoando a produção local, garantindo alimentos frescos e nutritivos aos alunos e fortalecendo pequenos produtores do estado.

Por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), é determinado um percentual mínimo de 30% de recursos direcionados à compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar. Em Sergipe, este quantitativo atingiu 65,5%, em 2024, com cerca de 212 mil refeições servidas, diariamente, pelo Departamento de Alimentação Escolar (DAE) da Seed. Em 2025, o investimento já foi de R$ 10.122.000 na agricultura familiar, visando as 318 unidades de ensino da rede.

A aquisição é realizada em um processo de dispensa de licitação, facilitando o cenário para os agricultores. Sergipe saiu de um patamar de R$ 4 milhões, em 2022, e, hoje, atingiu em chamada pública investimento de R$ 15,8 milhões de recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

De acordo com a diretora do DAE, Lucileide Rodrigues, a alimentação escolar tem 13 fornecedores de cooperativas e nove individuais, que também é uma novidade na alimentação escolar de Sergipe. “Antes só se trabalhava com cooperativa, mas nosso objetivo é beneficiar o pequeno agricultor. Realizando a chamada pública, as cooperativas ou produtores individuais fazem a distribuição nas 318 escolas com produtos da agricultura familiar”, pontuou. 

O mapeamento da agricultura familiar é feito todos os anos pelo DAE, com participação dos cooperados, para que se lance a chamada pública respeitando regionalidade, sazonalidade e a cultura do estado. Uma das participantes é a Cooperativa de Produção de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cooperafes) de Moita Bonita, pioneira no Pnae em Sergipe desde sua formação, em 2007. O município de Moita é conhecido como capital sergipana da batata doce, com uma produção de 9 a 12 caminhões semanais para todo o Brasil.

Para a presidente da Cooperafes, Cledja Vieira, a variedade de cooperativas envolvidas no processo é essencial para ampliar o alcance. “No estado, temos várias cooperativas, e cada uma entra com o seu forte. Nosso estado é pequeno, mas a realidade de demanda é muito grande. Aqui, o produto forte é a batata doce, e nós atendemos todo o nosso estado. A variedade de produtos da agricultura familiar é imensa, o que é muito positivo nutricionalmente para os alunos”, afirmou a agricultora. 

Todo alimento que é destinado à merenda escolar, independente de vir da agricultura familiar ou de um fornecedor convencional, exige um regulamento de identidade e qualidade por órgãos de controle, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os Ministérios da Saúde e da Agricultura. Além disso, prezando pela qualidade, o DAE criou uma cartilha para que todos os professores, diretores, alunos, merendeiros, vigilantes e demais pessoas do universo escolar saibam qual produto devem receber.

Benefícios aos agricultores

O intuito deste trabalho é beneficiar pequenos agricultores, que, muitas vezes, possuem condições de lucro e produção escassas e, a partir deste apoio, conseguem vislumbrar uma renda fixa fundamental. É o caso de Maycon de Jesus, 32 anos, há 12 na agricultura, que produz batata doce em Moita Bonita. Além de produzir, ele também participa da distribuição do alimento a escolas de todo o estado. “Isso é muito bom para nós, agricultores, porque paga um preço justo. O Estado paga algo equivalente de 30% a 40% acima do valor que os atravessadores pagam, e, para a gente que é agricultor, ajuda bastante. A gente se junta com outras cooperativas, também, que plantam outras coisas, nos reunimos em grupo e distribuímos os itens da cooperativa para a logística ficar mais em conta”, pontuou.

Com o escoamento para as escolas, a produção é beneficiada ao longo de todo ano, tanto para os alunos, quanto para os animais dos produtores. “A gente separa, faz a seleção, pega aquela batata de mesa boa. Utilizamos as pequenas para fazer farinha de batata doce, escoando mais a produção, ou alimentando o gado. Isso é possível porque o preço que o Estado paga é acima do valor do atravessador”, pontuou Maycon de Jesus.

Tássio Geovane é outro produtor de Moita Bonita que participa do programa. Dono de uma pequena propriedade, a qual cuida ao lado da esposa e da sogra, Tássio tem uma filha de 1 ano e 7 meses, e o valor recebido com os alimentos destinados à merenda influencia diretamente na qualidade de vida de sua família. “Esse programa é muito importante para nós porque se não fosse a questão da merenda, estaríamos produzindo e vendendo para fora. Às vezes, para fora o preço é muito mais baixo. A cooperativa equilibra os dois lados. A gente precisa cuidar da roça, deixar tudo plantado com esterco e adubo, além da mão de obra. É um gasto que vai de R$ 5 mil a R$ 10 mil, dependendo do tamanho. A cooperativa equilibra o valor de venda, e a gente ganha um dinheirinho para empurrar o barco”, exaltou.

Diversas culturas do campo são beneficiadas com esta iniciativa. A agricultora familiar Élida Rosa, 48, trabalha há 29 anos com sua pequena produção no povoado Rio das Pedras, em Areia Branca. Ela desenvolve em seu espaço várias plantações, como tomate, cebola, beterraba, couve, coentro, alface, cebolinha, brócolis, repolho e couve flor. “Tentamos sempre ir atrás de coisas diferentes, que o mercado está pedindo”, contou. 

Esse trabalho gera benefícios muito além do financeiro, fortalece a agricultura familiar e ajuda com que ela se sustente de geração a geração. Élida, por exemplo, tem os filhos Rodrigo, 24, e Alane, 18, que não trabalhavam com ela no campo. Emocionada, ela lembrou que este trabalho voltado às escolas aproximou mais a sua família. “Isso foi muito importante, para mim, ver que meus filhos abriram os olhos para à roça. Foi muito importante ter essa oportunidade que recebemos do Estado, abrindo as portas para um agricultor individual poder mostrar a realidade do campo, do dia a dia. Foi uma chance de estar envolvida com a família todos os dias, uma experiência maravilhosa, estando mais envolvidos um com o outro”, relatou. 

Alunos satisfeitos

Os alimentos de qualidade estão presentes em todas as refeições dos alunos na rede estadual. O consumo saudável é fundamental para a saúde e energia dos estudantes, especialmente no período integral, como destacou Camilla Lisboa, 18, aluna do 3º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, em Aracaju. “Só consigo pensar no privilégio que é ter esses alimentos. Logo depois do almoço, já tenho aula, preciso estar reforçada para poder estudar. Isso melhora minha rotina não só aqui, como fora também” frisou.

Também do 3º ano no Atheneu, Júlia Alves, 17, mudou a sua forma de enxergar a necessidade de uma boa alimentação após entrar no colégio. “A escola desencadeou um lado meu de me importar com o que estou me alimentando, tendo acesso a verduras, feijão, arroz, alimentos com nutrientes muito importantes. Hoje em dia, tenho um pensamento crítico em relação à minha alimentação. Muitas vezes, elogio bastante em casa, e minha mãe brinca dizendo que um dia vem almoçar na minha escola”, contou. 

A alimentação saudável nas escolas também tem um viés de inclusão. Muitos alunos não possuem condições de ter estes alimentos em casa e, com as refeições nas unidades escolares, mantêm um consumo saudável e nutritivo, foi o que salientou Andressa Beatriz, 16, do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Leandro Maciel, em Aracaju. “Às vezes, em casa a gente acaba comendo besteira, trocando um lanche ou outro por uma refeição e, na escola, temos tudo muito diversificado. Pode acontecer do aluno não ter isso em casa e vai ter aqui no colégio. Muitos vêm pensando, também, em se alimentar”, enfatizou.

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