Conservatório de Música de Sergipe celebra 80 anos de legado artístico e educacional

Integrante das 318 escolas da Rede Estadual de Ensino, instituição comemora oito décadas de formação musical, difusão cultural e contribuição à história da educação em Sergipe

Por Izabela Campos (estagiária)

Há 80 anos, o Conservatório de Música de Sergipe (CMSE) vem escrevendo uma importante história, que contribui para a evolução cultural do estado. Integrante da Rede Pública Estadual de Ensino, a instituição nasceu com a missão de democratizar o acesso à formação musical e, desde então, tornou-se referência na descoberta de talentos, preservação de tradições e promoção da arte como caminho de transformação social. Suas salas e palcos guardam memórias de gerações que encontraram na música um espaço de aprendizado, expressão e pertencimento.

O CMSE foi fundado em 1945, pelo professor e maestro Genaro Plech, com o nome de Instituto de Música e Canto Orfeônico de Sergipe, fruto da identificação ideológica de seu fundador com a metodologia do Canto Orfeônico, amplamente difundida pelo Maestro Heitor Villa-Lobos na época. Com o tempo, a instituição ganhou sede própria, mudou de nome e hoje é o Conservatório de Música de Sergipe, uma das 318 escolas públicas da Secretaria de Estado da Educação (Seed), que há oito décadas forma músicos, professores e amantes da música em Sergipe.

Até os dias de hoje, o Conservatório se consolida como principal referência em ensino musical profissionalizante em Sergipe, atendendo a mais de mil estudantes em uma ampla variedade de cursos. Entre eles, destacam-se os de Formação Inicial e Continuada e os cursos técnicos profissionalizantes em Canto e Instrumento Musical, este último ofertado em 18 habilitações. A instituição mantém ainda o importante curso de Musicalização Infantil, além de cursos rápidos e oficinas diversas, todos completamente gratuitos ao público interessado.

Em sua história recente, a unidade passou por uma ampla reforma pedagógica, conduzida pelo professor e atual gestor Heitor Mendonça, que promoveu uma modernização significativa no fazer educativo. Como resultado, o Conservatório vem registrando recordes de procura em seus processos seletivos, alcançando, no último ano, mais de três mil inscritos em busca de uma vaga, um indicador que reafirma sua excelência e a relevância do ensino musical ofertado pela instituição.

Para o secretário de Estado da Educação, Zezinho Sobral, o Conservatório de Música de Sergipe é um patrimônio afetivo, artístico e educacional de Sergipe. “Celebrar 80 anos dessa instituição é reconhecer o talento de gerações que encontraram aqui seu primeiro palco, sua primeira inspiração e, muitas vezes, a descoberta de uma vocação. O CMSE honra a Rede Pública Estadual de Ensino com sua história e com a excelência de seu trabalho, que segue vivo, pulsante e cada vez mais conectado ao futuro. Temos orgulho de investir e de fortalecer essa escola, que democratiza o acesso à música, forma profissionais de alto nível e transforma vidas por meio da arte. Oito décadas depois, essa casa continua sendo um farol cultural para Sergipe, e nosso compromisso é garantir que ela siga brilhando pelas próximas gerações”, afirma.

O diretor do CMSE, Heitor Mendonça, comenta sobre a fase próspera em que a instituição se encontra. “Estamos em um dos melhores momentos dessa história de 80 anos, com mais de mil alunos matriculados na escola, ampliação da oferta de cursos e procura crescente por nossos processos seletivos. Tivemos, também, investimentos na ordem de mais de R$ 3 milhões promovidos pelo governador Fábio Mitidieri, para trazer de volta a Sala de Concertos Villa-Lobos totalmente reformada e modernizada, além de uma iniciativa de extrema importância do secretário Zezinho Sobral, que após mais de duas décadas, traz de volta o concurso público para professor efetivo do Conservatório de Música, resolvendo um problema antigo da instituição e preparando a escola para as próximas décadas”, destaca.

Em 5 de março de 2024, data que marca o aniversário do Maestro Heitor Villa-Lobos, a histórica Sala de Concertos nomeada em sua homenagem foi totalmente renovada e reaberta ao público. Reconhecida como um dos auditórios com melhor acústica do Brasil e da América Latina, a sala permaneceu fechada por 15 anos. Para reverter essa situação, o Governo de Sergipe destinou R$ 3.794.248,20 à execução de uma ampla obra de engenharia no prédio do Conservatório. O projeto contemplou adaptações de acessibilidade, modernização das instalações e melhorias no sistema hidrossanitário e pluviométrico, um antigo desafio da instituição, que possui um engenhoso sistema de drenagem subterrâneo.

Na memória daqueles que já passaram pela instituição, o CMSE segue ocupando um espaço de referência, refletindo, ainda, na forma como a música se insere em suas trajetórias.

“Em 1968 ganhei meu primeiro violão, presente de minha mãe Susete, e iniciei o caminho natural de todo menino que sonhava aprender, aperfeiçoar-se e tornar-se um músico de verdade. Entrei no Conservatório de Música de Sergipe e fui aluno do Professor João Argolo. Foi ali, nos corredores e salas daquela instituição, que compreendi e me deslumbrei com as cores da música, seus sentidos, suas técnicas e, sobretudo, a paixão pela boa música. Fiz a travessia do erudito para o popular e me tornei um artista consagrado. Ao longo dos meus 45 anos de carreira profissional, guardo grandes lembranças e enorme orgulho de ter passado pelas salas do Conservatório. E fico ainda mais feliz ao saber que, ao completar 80 anos de existência, essa casa segue firme como referência no ensino da música em Sergipe”, compartilha Irineu Silva Fontes Junior, ex-aluno da casa, formado no Curso Técnico Profissionalizante em Violão entre os anos de 1968 e 1972.

“O Conservatório teve um papel fundamental na minha vida, pois foi onde eu tive o pontapé inicial para minha formação como músico, principalmente na parte teórica. Tenho certeza que milhares de outros músicos que passaram por lá tem esse mesmo sentimento, e essa é a importância do Conservatório para o estado, iniciar o processo de formação de músicos que posteriormente irão movimentar a cultura de Sergipe”, compartilha Erick Gustavo Freitas, ex-aluno da instituição nos períodos de 2014 a 2015 e de 2020 a 2021, formado no Curso Técnico Profissionalizante em Piano.

“Fico com saudade, mas não deixo de endeusar o período em que estudei o piano. Foi um período maravilhoso em minha vida, estudando à noite no Conservatório, em frente à Catedral. Hoje eu já não me atrevo mais a tocar, porque meus movimentos estão muito limitados, mas até hoje, quando eu vejo um piano, me dá aquele negócio gostoso e eu quero tocar”, relata Acaciamaria da Conceição, que, aos 89 anos de idade, ainda recorda com carinho os bons momentos vividos na instituição quando tinha apenas 15, no ano de 1951.

Para os que frequentam a escola até os dias de hoje, a instituição segue representando um ambiente de acolhimento, excelência e incentivo ao desenvolvimento artístico.

“O Conservatório de Música é extremamente importante para a música sergipana. Com uma base muito boa de ensino, de lá saíram diversos artistas, e mesmo depois de tantos anos, ele continua sendo uma instituição de muita importância para a música e a arte de Sergipe. E eu acho que, com os anos, o conservatório tomou ainda mais força e importância, e fez com que se aprimorasse ainda mais na formação de artistas”, expressa Mirella Freitas, aluna do Curso Técnico Profissionalizante em Canto Lírico desde 2022.

Tradição e Futuro

Mesmo após 80 anos do início de sua história, o Conservatório de Música de Sergipe (CMSE) segue reafirmando seu papel fundamental na educação sergipana, formando gerações de artistas e educadores que transformam a cultura do estado. Ao longo de oito décadas, a instituição não apenas preservou a tradição musical, como também impulsionou novos talentos e ampliou horizontes para crianças, jovens e adultos. Hoje, com sua estrutura renovada e um compromisso contínuo com a excelência, o Conservatório se fortalece como um polo criativo que ecoa no presente e projeta, com ainda mais força, o futuro da música em Sergipe.

Fotos | Ascom Seed

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