Dia Nacional do Livro Infantil: leitura e contação de história são boas pedidas em tempo de pandemia

Por Francimare Araújo
Fonte: Ascom/ Seduc

 

Comemorado dia 18 de abril, o livro infantil é um instrumento considerado essencial no desenvolvimento cognitivo, social, cultural e emocional

 

Quem se encanta com o Sítio do Picapau Amarelo e a turma formada pela boneca Emília, Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Cuca e tantos outros personagens encontrou nos livros infantis um universo de histórias que se entrelaçam com clássicos do imaginário infantil. As aventuras da boneca Emília, desbravando a natureza e aguçando curiosidades de criança, desperta no leitor os desejos de descobrir a eterna novidade do mundo.

 

Sítio do Picapau Amarelo é uma série de 23 volumes de literatura fantástica, escrita pelo autor brasileiro pré-modernista Monteiro Lobato, entre os anos de 1920 e 1947. A obra tem atravessado gerações e geralmente representa a literatura infantil do Brasil. O conceito foi introduzido por um livro anterior de Lobato, A Menina do Narizinho Arrebitado (1920), história que mais tarde foi republicada como o primeiro capítulo de Reinações de Narizinho (1931), livro que serve de propulsor à série de Sítio do Picapau Amarelo. Entre outras publicações, não é à toa que Monteiro Lobato, nascido em 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, é o grande homenageado nesta data.

 

O público infantojuvenil conta com outras grandes obras nacionais e internacionais para o entretenimento e, acima de tudo, para pensar sobre a realidade. Por exemplo: O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos; Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll; As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi; O mágico de Oz, de L. Frank Baum; e Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne. Todas as obras citadas estão obrigatoriamente disponíveis nas estantes das bibliotecas.

 

No Colégio Estadual Raimundo Araújo, localizado no povoado Água Fria, município de Salgado, o professor de Língua Portuguesa e Arte, Gilmar Ferreira, está desenvolvendo dois projetos de leitura. “Nossa História, Nossa Vida” é um projeto que consiste em resgatar e registrar as histórias, por meio de gêneros textuais como cordel, teatro, crônica e outros, dos povoados onde residem os estudantes matriculados na unidade escolar Raimundo Araújo.

 

O segundo projeto, intitulado “Leitura na pandemia? Que alegria!!! ”, nasceu a partir da iniciativa “Lê Campo”, programa do Serviço de Educação do Campo e Diversidade (Secad), que propõe trabalhar com o incentivo à leitura para estudantes das escolas do campo a partir da literatura infantojuvenil e outros gêneros textuais. “O engajamento dos estudantes foi muito bom porque eles se envolveram nos dois projetos de leitura, buscando livros, preenchendo a ficha de leitura e enviando para mim no WhatsApp. Eles fizeram a leitura, mas também leram para outras pessoas da família, e pessoas com deficiência ou acamadas, que estão dentro do núcleo familiar deles”, relatou o professor Gilmar.

 

Livro, leitura, literatura e biblioteca

 

Com a pandemia, a coordenadora do projeto Lê Campo, Jeane Caldas, criou um grupo no WhatsApp para orientar professores das escolas do campo a realizarem diariamente rodas de leitura e contação de histórias com os alunos. “Orientávamos que fossem organizados cantinhos de leitura na sala, naquelas bibliotecas ou naquelas escolas que não possuem biblioteca ou sala de leitura; que ali o professor colocasse uma esteira com almofadas, como ocorre nas escolas do campo, e um cesto com livros, e assim fizesse o trabalho de contação de histórias com essas crianças”, contou Jeane.

 

Segundo a professora e contadora de história, Jeane Caldas, “livro, leitura, literatura e biblioteca são essenciais para o desenvolvimento cognitivo, social, cultural e emocional da humanidade”. Jeane Caldas também coordena a iniciativa “Lê Campo”, programa do Serviço de Educação do Campo e Diversidade (Secad), da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura, que propõe trabalhar com o incentivo à leitura para estudantes das escolas do campo por meio da literatura infantojuvenil e outros gêneros textuais. Ela explica que, além da rede estadual, as redes públicas municipais são parceiras do projeto, que institui Cantinhos de Leitura. São 25 cantinhos e 1.500 livros encaminhados para unidades de ensino do campo.

 

“Implantar Cantinhos de Leitura e Salas de Leitura nas escolas das redes estadual e municipais de ensino é extremamente relevante para promover o acesso da leitura a crianças e adolescentes. O contato da criança com os livros e com narrativas de diversos gêneros deve iniciar o mais cedo possível, pois as histórias exercem várias funções na vida do ser humano. As narrativas humanizam, divertem, dão prazer, ensinam a criança a lidar com os conflitos existenciais: perda, ódio, vingança, amor, solidariedade, entre outros. Também têm efeito terapêutico: acalma, relaxa, conduz a um sono mais tranquilo”, destaca.

 

Dentre as unidades de ensino que implantaram salas de leitura, estão a Escola Estadual Quilombola Gilberto Amado, localizada no município de Estância, que organizou o cantinho de leitura, com paletes e com caixotes de madeira; a Escola Reunidas Coelho Neto, situada em Barra dos Coqueiros, que aproveitou cada cantinho e espaço da escola para ornamentar com objetos reciclados e muitos livros.


Biblioteca Infantojuvenil

 

Além dos títulos infantis espalhados por toda a Rede Pública Estadual de Educação de Sergipe, há, em Aracaju, um lugar especial para os leitores de primeira viagem. Como parte integrante da Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória, o Setor Infantil dispõe para o público infantojuvenil um riquíssimo e variado acervo com aproximadamente 5 mil livros distribuídos entre contos, crônicas, poesias, fábulas, textos dramáticos, romances, literaturas estrangeira, nacional e sergipana, além da Gibiteca com uma variedade de opções em histórias em quadrinhos, cartuns e tirinhas. O Setor Infantil mantém ações que objetivam o incentivo à leitura por meio de empréstimos de livros, contação de histórias, mediação e rodas de leitura, atividades artísticas e lúdicas, enriquecidas pela presença de várias instituições, usuários e pais.

 

“Em virtude das mudanças provenientes da pandemia a partir de 2020, fez-se necessário reformular o planejamento da Biblioteca Infantil, de forma que o contato com o público infantojuvenil não fosse perdido, uma vez que as atividades presenciais e os empréstimos de livros foram interrompidos. Diante disso, o contato com o público, com ações de incentivo à leitura, foi mantido por meio das redes sociais. Ao longo desse período, foram indicadas sugestões de mediação e rodas de leitura, apresentação de contações de histórias, a manutenção do quadro Cinemateca Kids com indicação de livros e filmes baseados em obras literárias, a apresentação de curiosidades sobre as datas comemorativas e a divulgação de obras de autores sergipanos”, explicou Aline Silva, responsável pelo setor.

 

Para ela, ler um bom livro e contar histórias para as crianças nunca foi tão essencial como nesse tempo de pandemia. “A Literatura Infantil tem o poder de promover o encantamento, a alegria, a reflexão, a empatia, além de poder apontar caminhos para enfrentar os momentos de adversidade. Podemos dizer que, hoje, contar histórias para os pequenos tornou-se um instrumento terapêutico capaz de minimizar o medo, a ansiedade, a angústia, o tédio provocados pelo isolamento social. Além disso, uma boa história abre portas para a reflexão e para o diálogo em família. Ler para a criança é permitir que ela enxergue novos caminhos, visite lugares nunca vistos, adquira conhecimento e desperte a criatividade e a imaginação. Por isso, aqui fica a nossa mensagem: Conte histórias para uma criança e permita que ela seja livre e mantenha a esperança!”, finalizou Aline.

 

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