Por Francimare Araújo
Fonte: Ascom/ Seduc
Em alusão ao mês de março, no qual são debatidos temas voltados à luta histórica das mulheres na sociedade brasileira, a Escola Estadual 8 de Julho, localizada no bairro Ponto Novo, em Aracaju, promoveu na manhã desta segunda-feira, 21, um bate-papo intitulado “Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser”, que reuniu a vereadora de Aracaju, Linda Brasil; a gestora da Diretoria de Educação de Aracaju, Gilvânia Guimarães; a professora Dra. Raquel Meister Ko. Freitag, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e a apresentação cultural da Banda de Samba de Moça Só.
Com apoio da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) e da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), as integrantes do Projeto “Me Poupe: Respeita as minas” realizaram o encontro objetivando identificar manifestações de bullying machista nas interações orais e escritas dentro do espaço escolar e promover discussões sobre seus efeitos na sociedade; verificar mediante dados científicos onde e como estão as mulheres nos espaços sociais; e interagir com figuras femininas locais que desempenham funções e ações de destaque nos âmbitos de mercado de trabalho e de manifestações artísticas, por exemplo.
O encontro é resultado de uma das pesquisas desenvolvidas pelo projeto “Me poupe: Respeita as minas”, explica a professora e idealizadora Roberta Brito Lima. “Esse projeto visa a combater o bullying machista na escola. Nós temos uma série de ações, e a primeira foi mapear se existe esse tipo de bullying, e infelizmente constatamos que sim, mas gostaríamos de saber a fundo o percentual disso. Nós fizemos a aplicação de um questionário, e com base nele, desenvolvemos ações para que alunas e alunos conheçam os efeitos do bullying e também entendam a importância de se promover a equidade de gênero na escola”, relatou.
Como a mulher mais bem votada para assumir uma das cadeiras na Câmara Municipal de Aracaju, a vereadora Linda Brasil compareceu ao evento para colaborar com o debate sobre o lugar da mulher tanto nas funções de cargos públicos, quanto no lugar comum que todas vivenciam ao longo da vida. “Qualquer projeto que a gente faz sobre respeito, amor e a liberdade de ser e exercer o nosso ser da forma que a gente se sinta bem e feliz é transformador e potente. Todas, todos e todes que estamos aqui somos diferentes, somos singulares, cada um tem algo que é seu, e isso é o que tem de ser respeitado”, disse.
A diretora da DEA, Gilvânia Guimarães, destacou como a iniciação científica, por meio de projetos desenvolvidos por estudantes e professores, potencializa as vozes de quem compõe a comunidade escolar. “Vivemos um momento de transformação na academia, e chegamos a essas meninas e meninos mostrando que é possível mudar. Todas as vezes que na sua tríade de pesquisa e extensão a universidade consegue chegar à escola pública, percebemos o quanto é necessário e transformador”.
A coorientadora do projeto “Me Poupe: Respeita as minas”, Raquel Freitag, discorreu sobre como o machismo afeta a vida de estudantes mulheres com interesses para as áreas que em outrora eram restritas somente a homens e contou parte da própria experiência que mudou o curso da própria vida. “Eu queria dar vazão à minha carreira de pesquisadora porque dentro da academia as mulheres são rotuladas. Isso existe e tudo é construído desde o começo, inclusive, dentro da escola. Eu sempre gostei de matemática, mas meus professores diziam: ´Deixe a matemática para os meninos´, ´vai lá pro bordado´. Então eu fui ensinada para isso”, contou.
Annie Beatriz Silva de Almeida, do 9º ano, iniciou o ano letivo de 2022 como bolsista do projeto “Me Poupe: Respeita as minas” e é quem auxilia no desenvolvimento das ações. Para ela, integrar o projeto proporciona mais conhecimento e muita alegria. “Eu nunca participei de um projeto grande e tão importante de um assunto sobre nós, mulheres. Fazer essa última pesquisa foi bom porque eu conheci a opinião dos outros alunos, eu aprendo e ensino ao mesmo tempo. Como sou participativa, gosto de fazer isso e também porque o tema abordado é o que mais me chama a atenção”, concluiu.
A pesquisa mencionada pela diretora Roberta Brito Lima, indicou qual público, entre estudantes do sexo feminino ou masculino, mais sofre com o bullying machista na escola. Dos 74 estudantes entrevistados, 70% responderam que são as meninas; 2,7% disseram que são os meninos e 27% apontaram que a prática é sofrida por meninas e meninos de igual maneira.
As amigas Yasmin Ramos dos Santos e Ana Luiza Menezes Santana, do 7º ano, participaram do bate-papo. Elas comentaram que iniciativas como essa ajudam os colegas a entenderem como as mulheres se sentem e precisam ser respeitadas, independentemente do lugar onde estejam. “Um projeto como esse ajuda a diminuir o machismo dentro da escola, tanto na minha família como na escola. Conheço pessoas que têm medo de falar diretamente como são e do que gostam", disse Yasmin. Já Ana Luiza acredita que é necessário falar sobre temas como esse no ambiente escolar. “Aqui na escola acontece muito machismo e bullying principalmente com as meninas, e aí quando esses projetos surgem os meninos podem pensar melhor e até tentar mudar um pouco”.










