Por Ítalo Marcos
Fonte: ASCOM / SEED
Assinatura de decreto permite alteração de nomes de escolas
Três nomes de colégios estaduais que antes homenageavam personalidades da ditadura militar, passam a referenciar vultos da luta pela democracia, liberdade e educação. O decreto foi assinado pelo governador Jackson Barreto, nesta quinta-feira, 14, em solenidade realizada no Palácio de Despachos, em Aracaju.
Os colégios estaduais presidentes Médici, Castelo Branco e Costa e Silva passam a chamar, respectivamente, Nelson Mandela, Paulo Freire e Professor João Costa.
A iniciativa da mudança de nomes faz valer as recomendações do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que propõe a revogação de medidas que, durante o período da ditadura militar, objetivaram homenagear autores das graves violações de direitos humanos.
Em seu discurso, o governador Jackson Barreto, lembrou a luta de Nelson Mandela contra a segregação racial; do trabalho realizado pela educação por Paulo Freire, e da arte e da cultura em prol da liberdade, do professor sergipano João Costa.
Para o governador do Estado, é preciso que as novas gerações saibam a verdadeira história e os personagens que a compõe. "Pode ser um ato simples, mas de uma grande simbologia para aqueles que lutaram, que colocaram suas vidas em risco pela liberdade, pela democracia. É um momento histórico. Queremos dizer que devemos registrar quem contribuiu para a verdadeira história do nosso povo", afirmou.
Verdadeira história
Em seu discurso, o governador Jackson Barreto registrou o empenho da superintendente executiva da Secretaria de Estado da Educação, Marieta Barbosa, em renomear as escolas, e pediu que a SEED estimule ações nos colégios que vise valorizar a história dos novos homenageados.
A superintendente de Educação destacou a sensibilidade do governador Jackson Barreto, que prontamente atendeu a sugestão da comunidade escolar, objetivando prestar homenagem ao professor João Costa. "Ele inclusive já estava na lista do Governador do Estado para ser homenageado. O professor João Costa teve uma trajetória de vida marcada pelos movimentos sociais, defendo a democracia e os direitos humanos", disse.
Segundo a superintendente executiva da SEED, o colégio continuará sendo conhecido como Costão. "Quanto ao Colégio Médici passará a se chamar Nelson Mandela, personalidade reconhecida mundialmente, assim como o educador Paulo Freire, referência na educação do nosso país", complementou.
Quanto à solicitação do governador do Estado em estimular as escolas a conhecerem mais a vida dos homenageados, Marieta Barbosa ressaltou que a Seed desenvolverá ações, não só em aulas de História, mas em todas as disciplinas.
"Vamos estimular os alunos e os professores no resgate da história dessas personalidades. As escolas tinham nomes de pessoas ligadas à repressão, ao desrespeito aos direitos humanos e hoje ganham nomes representativos de pessoas importantes da história brasileira", afirmou.
Justa homenagem
Presente à solenidade, os diretores Marco Aurélio Oliveira (Castelo Branco – Paulo Freire),Alex Fabiano Pinto (Costa e Silva – Paulo Costa) e Roque Hudson (Presidente Médici – Nelson Mandela) foram unânimes ao afirmarem que com a mudança se cria um novo momento, através do qual são homenageadas personalidades que contribuíram efetivamente para a construção de um país mais justo e igualitário.
"Agradecemos ao governador Jackson Barreto, que atendeu à solicitação da comunidade escolar, ao colocar o nome do colégio Professor João Costa. A mudança foi bem aceita pelos alunos, servidores, professores e a comunidade", disse o professor Alex Fabiano Gonçalves Pinto. Os alunos também aprovaram a mudança do nome do Costa e Silva. "Estamos felizes porque o governador Jackson Barreto atendeu à nossa solicitação. O nome do professor João Costa foi consenso entre os alunos, professores, servidores do colégio e a comunidade do bairro", disse Ângelo Márcio Bispo, presidente do Grêmio Estudantil.
Na mesma solenidade, o governador assinou ainda o decreto que altera o nome do estádio de futebol Presidente Médici, em Itabaiana, para Etelvino Mendonça, e nomeou Senador José Eduardo Dutra um conjunto habitacional construído no Porto d´Antas, em Aracaju.
Estiveram presentes à solenidade, o vice-governador Belivaldo Chagas, Eliane Aquino (Assessora Especial de Governo), os secretários de estado Mendonça Prado (Segurança Pública), Benedito Figueiredo (Governo), Augusto Gama (Planejamento), Esmeraldo Leal (Agricultura), Olivier Chagas (Recursos Hídricos), Marta Leão (Inclusão Social), Valmor Barbosa (Infraestrutura e do Desenvolvimento Urbano), Sales Neto (Comunicação), além de diretores de regionais de educação, familiares dos homenageados e personalidades torturadas no período da ditadura.
Homenageados
Nelson Rolihlahia Madiba Mandela (18/07/1918 – 05/12/2013) foi o maior símbolo da resistência contra o regime segregacionista do apartheid, na África do Sul.
Mandela bacharelou-se em Artes e Direito. Foi cursando direito que Mandela iniciou a militância contra a segregação racial. Em sua luta Mandela permaneceu preso por 28 anos, sendo libertado em 11/02/1990. Em 1993 ele é agraciado com o Prêmio Nobel da Paz e em 1994, Mandela foi eleito presidente nas primeiras eleições livres da história da África do Sul, permanecendo no posto até 16/11/1999. No exercício da Presidência, foi responsável pela refundação da República Sul Africana.
Paulo Reglus Neves Freire (19/09/1921 – 02/05/1997) nasceu no Recife onde estudou e foi professor de Língua Portuguesa. Formado em Direito, trabalhou ainda no SESI e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, até que em 1946 assumiu a diretoria do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, quando despertou para a missão de promover a alfabetização dos menos favorecidos. Em 1958, ao concorrer a vaga de professor de História e Filosofia da Educação na Universidade Federal do Recife, apresentou sua teoria educacional, a Pedagogia do Oprimido. Coordenou o Plano Nacional de Alfabetização no Governo João Goulart. Por suas idéias pedagógicas, foi acusado de subversão, preso e exilado pela ditadura militar, inicialmente no Chile, onde desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos. No final da década de 60, Paulo Freire ministrou aulas na Universidade de Harvard, e em 1970, assumiu a função de consultor educacional para o Conselho Mundial de Igrejas, contribuindo com países da África e da Ásia na redução do analfabetismo. Depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil em 1980. Lecionou na UNICAMP e na PUC de São Paulo. Assumiu, em 1989, a Secretaria de Educação no Município de São Paulo na gestão de Luíza Erundina. Em 1991 foi fundado o Instituto Paulo Freire. Por sua obra e contribuição, lhe foram outorgados 27 títulos de doutor Honoris Causa. Faleceu em 02/05/1997 em São Paulo.
O professor João Costa nasceu em Cedro do São João, em 12/05/1931. Na infância residiu em Ribeirópolis, onde iniciou a vida escolar. Em Aracaju foi aluno dos Colégios Jackson de Figueiredo, Atheneu e Tobias Barreto. Prestou vestibular e foi aprovado para o curso de Letras Neolatinas da Faculdade Católica de Sergipe. Aluno na Aliança Francesa, foi agraciado pelo governo francês, com uma bolsa de estudos no país. João Costa foi professor de Português em colégios das redes pública e particular de Aracaju, além de cursinhos preparatórios para vestibulares. Entre os colégios, merecem registro: Tobias Barreto, Escola Técnica de Comércio, Salvador, Instituto de Educação Rui Barbosa e Atheneu. Na Universidade Federal de Sergipe, aposentou-se como professor do Departamento de Letras, exercendo ainda funções administrativas na Instituição. João Costa foi um dos precursores do teatro em Sergipe, amante da música clássica, das artes e da cultura, foi também um dos fundadores da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe. Pesquisador, professor João Costa tornou-se mestre e cultor da língua portuguesa, contribuindo, ao longo dos anos, para a formação de gerações. Faleceu em 30/01/2011.
Etelvino José de Mendonça foi um grande desportista de Itabaiana. Também foi prefeito e sempre lutou pelo esporte no município do Agreste. Levou a primeira bola de couro ao município e foi responsável pela doação do terreno onde foi construído o estádio que passará a levar seu nome.
José Eduardo de Barros Dutra nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de abril de 1957. Foi presidente do Sindicato dos Mineiros do Estado de Sergipe (Sindimina) no período de 1989 até 1994 e dirigente nacional da Central Única dos Trabalhadores (de 1988 até 1990). Em 1994, foi eleito senador da República pelo Estado de Sergipe. Foi presidente da Petrobras de 2 de janeiro de 2003 até 22 de julho de 2005. Retornou à empresa como presidente da Petrobras Distribuidora, de 24 de setembro de 2007 a 14 de agosto de 2009. Deixou o cargo para disputar a presidência do Partido dos Trabalhadores, sendo eleito para o biênio 2010-2012. Ao falecer em 04 de outubro de 2015, era primeiro suplente do senador Antônio Carlos Valadares.
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