Jogos da Primavera incorporam equipes mistas no vôlei sentado

Por Francimare Araújo
Fonte: Ascom/ Seduc

Durante as competições dos 36º Jogos da Primavera, a quadra de esportes do Instituto Federal de Sergipe (IFS), localizada no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, recebeu nesta terça-feira, 1º, as primeiras disputas de vôlei sentado já ocorridas em Sergipe, integrando atletas sem deficiência. 

 

Para a assessora do gabinete da Superintendência do Esporte, Kássia Katarine Gomes, a prática do paradesporto invoca o empoderamento da pessoa com deficiência (PCD), contribuindo para a superação dos desafios e o enfrentamento de toda e qualquer dificuldade porque estimula a independência e a socialização com diversas pessoas. "Autônomos, eles cumprem as suas atividades com altivez".   

 

As regras são basicamente iguais para as duas modalidades. A única mudança acontece na forma de jogar: sentado ou em pé. Esta é a primeira vez que estudantes da Rede Pública de Ensino treinam a modalidade, essencialmente exclusiva para pessoas com deficiência. Os jovens passaram por um treinamento e agora competem no esporte paralímpico ao lado de colegas com comprometimento físico.

 

O supervisor de vôlei sentado nos Jogos da Primavera, Ezequias dos Anjos, explica que a ideia surgiu com o propósito de difundir a modalidade no Estado, de modo a atrair mais adeptos com deficiência à prática do desporto e, em contrapartida, proporcionar aos estudantes sem deficiência o aprendizado, na prática, de como é a dinâmica do paradesporto e como jogam as PCDs.

 

Sarah Ferreira é estudante do 3º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Secretário Francisco Rosa Santos, localizado no conjunto Bugio, em Aracaju, e integra a Seleção Escolar Sergipana. Ela foi gerada na placenta da mãe com paralisia de plexo braquial, o que implica a restrição dos movimentos de uma das mãos e menos dois centímetros na perna direita. Aos 19 anos, com quatro de vida ativa no esporte, nem uma dessas barreiras impediu que Sarah fosse convocada para uma semana de treinamento na Seleção Brasileira de Voleibol Sentado Feminino, experiência que marca para sempre a vida da atleta. 

 

Enquanto Sarah e sua equipe se aqueciam, a quadra estava dividida em duas para as disputas simultâneas. Com as redes localizadas alguns centímetros abaixo do habitual veiculado pela TV, competiram as equipes do Colégio Estadual Barão de Mauá contra a Seleção Escolar Sergipana, com a vitória da seleção; e o IFS I, contra a Escola Estadual Prof. Valnir Chagas, tendo saído vitorioso o IFS. 

 

Além de fomentar o paradesporto brasileiro, esses jogos podem apresentar potenciais talentos para as Paralimpíadas Escolares. Angelo Alves Neto, presidente da Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes, lembra que na juventude, embora praticasse alguns esportes, nunca havia participado de uma competição paralímpica, cenário completamente diferente nos dias atuais, quando jovens sergipanos estão se destacando no paradesporto. 

 

De acordo com ele, conhecer o contexto do atleta com deficiência é muito importante, sobretudo porque demonstra a aproximação de práticas curriculares executadas em países de primeiro mundo. "Em visita ao Japão, percebi que o paradesporto integra a grade curricular das escolas. Crianças, ainda pequenas, podem escolher em qual modalidade deseja participar. Se for o futebol de cinco, utiliza a venda; se for o basquete, senta na cadeira de rodas e joga". 

 

Mozart Moraes, aluno do 3º ano do Colégio Estadual João Costa, localizado no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, considera muito positiva a modalidade de equipes mistas porque é uma oportunidade que o PCD tem de vivenciar a vida. Desse modo, algumas situações passam por transformações. "Com esse contato, o respeito que eu tenho por eles só aumenta porque posso imaginar a dificuldade por que eles passam. E também sei que as brincadeiras que fazem não são legais", concluiu.

 

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