Professoras e alunas cientistas são lembradas no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

A data, estabelecida no ano de 2015, propõe conscientizar a sociedade de que a ciência e a igualdade de gênero precisam andar juntas

Autora | Izabela Campos

Na data que marca a comemoração do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) presta sua homenagem àquelas que dedicam seus aprendizados e esforços para fazer a diferença no meio científico. Presentes em diversas partes do estado, equipes de professoras e alunas desenvolvem projetos de pesquisa de grande importância para o meio, e trabalham incansavelmente para render resultados na rede pública estadual de ensino.

No alto sertão sergipano, a equipe de uma professora do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, no município de Canindé de São Francisco, destaca-se no meio científico com a apresentação de seus projetos de pesquisa, ao longo de mais de dez anos e em vários eventos das ciências no Brasil e no exterior. Lark Soany, criadora do projeto Sertanejas Cientistas, entre vários outros, conta como surgiu seu interesse na área. “Tudo começou dentro da escola, mas não como estudante, como ocorre com meus alunos, e sim como professora. Como boa estudante de um curso de Ciências Exatas, eu deveria ter me apaixonado pela ciência ainda na faculdade, mas isso não aconteceu. Na verdade, embora eu soubesse da importância de toda pesquisa desenvolvida em laboratório, a iniciação científica não me atraía”, disse.

Lark comentou que apenas no ano de 2018, ao chegar ao Dom Juvêncio, encontrou na pesquisa a oportunidade de entender melhor o meio em que estava inserida, e de junto às suas alunas, buscar soluções para tornar seus dias melhores. “Desde então, venho buscando incentivar e motivar a participação de meninas em nossos projetos. Para isso, criamos em 2022 o projeto Sertanejas Cientistas, com o objetivo de orientar jovens, especialmente meninas, no desenvolvimento de projetos científicos. O projeto foi um sucesso e, de fato, conseguimos aumentar a participação das meninas nos projetos daquele ano. Hoje, nos projetos que oriento, a maioria dos participantes são meninas, e isso me enche de orgulho!”, comenta.

“Fui criada cercada por mulheres fortes, e desde muito nova aprendi que eu poderia ser o que quisesse; que o lugar de menina é onde ela quiser estar, inclusive na ciência. Que honra é ser mulher, nordestina, sertaneja e sergipana na ciência! E que felicidade poder inspirar e motivar as minhas sertanejinhas. Estar em meio a tantas meninas fazendo ciência é um privilégio”, finaliza a professora.

Meninas premiadas

Juntas, as alunas do C. E. Dom Juvêncio de Britto, Laura Fernanda e Maria Luzia, comentam sobre sua experiência vivendo no mundo da ciência. “Fazer parte da ciência é uma experiência enriquecedora, cheia de aprendizado e descobertas. Em projetos de pesquisa, podemos trocar ideias e contribuir com soluções inovadoras, enquanto desenvolvemos habilidades como análise e comunicação. A expectativa é de que, além das competências técnicas, possamos trazer novas perspectivas e ajudar a questionar e transformar o conhecimento, impactando positivamente a sociedade”.

As meninas falam, ainda, sobre a realidade feminina vivida no meio científico. “Ser menina na ciência pode ser desafiador, especialmente em um ambiente onde a presença feminina foi historicamente menor. Contudo, isso também traz uma grande motivação para quebrar barreiras e inspirar outras meninas a seguirem o mesmo caminho. Ganhar a Mostratec, a maior premiação de ciências da América Latina, foi uma conquista emocionante e uma validação do nosso trabalho. Esse prêmio nos mostrou que as meninas têm um papel importante na ciência e nos dão ainda mais força para continuar e inspirar outras jovens a acreditarem no seu potencial, quebrando limites e mostrando que a ciência é para todos”, finalizam.

Na capital sergipana, a pesquisa científica conta com a atuação de uma professora integrante da Rede Pública Estadual de Ensino há mais de 15 anos. Darcylaine Martins, atualmente docente do Centro Estadual de Educação Profissional José Figueiredo Barreto, fala sobre sua atuação na ciência, que vai além das salas de aula. “Ao longo de minha trajetória como professora orientadora de projetos de iniciação científica, tive a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento intelectual e criativo de diversos estudantes. Minha atuação vai além da sala de aula, pois busco inspirar e orientar jovens para que possam explorar suas   capacidades investigativas, resolver problemas reais da sua comunidade e, assim, despertar o interesse pela pesquisa científica. Cada projeto representa não apenas um desafio técnico, mas também uma oportunidade de aprendizado coletivo e construção de conhecimento”, compartilha a professora.

Para a professora que já atuou em escolas do interior de Sergipe, uma das maiores preocupações é promover o engajamento das meninas na ciência, como forma de reparação histórica pelas barreiras que por séculos impediram mulheres e meninas de atuarem nessas áreas. “Ao incentivar a participação ativa em projetos científicos, procuro desconstruir estigmas e oferecer às alunas um ambiente acolhedor e inspirador, onde elas possam se enxergar como protagonistas na produção de ciência e tecnologia. Acreditar no potencial dessas jovens e oferecer apoio para que se desenvolvam é um passo importante para a construção de um futuro mais equitativo e diverso no campo científico”, diz a professora, que trabalha continuamente com a inserção de meninas na ciência.

Orientada anteriormente pela professora Darcylaine, a aluna Bruna Menezes, do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, conta sua experiência fazendo parte do meio científico. “Meu interesse na área surgiu a partir de um convite da minha professora para participar de uma matéria eletiva voltada à iniciação científica.

Nunca havia me envolvido com algo desse tipo, então resolvi me arriscar. A experiência foi extremamente enriquecedora, e fiquei encantada com o aprendizado que adquiri. O mundo das ciências é realmente fascinante, e isso ficou evidente para mim assim que iniciei o projeto. Embora o processo envolva muitos momentos de tentativa e erro, no final, todo esforço é recompensado. Muitas coisas que são ensinadas nas universidades, eu tive a oportunidade de aprender ainda no ensino médio”, comenta Bruna.

Reconhecimento em nível internacional

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência teve sua data definida em 22 de dezembro de 2015, e é celebrado em 11 de fevereiro. A celebração tem como objetivo destacar a importância da participação feminina nas áreas científicas e promover a igualdade de gênero nesse campo. Além de buscar inspirar e incentivar meninas e mulheres a seguirem carreiras científicas e reconhecer as contribuições já feitas por elas na pesquisa e inovação, a celebração visa também combater estereótipos e superar barreiras que ainda limitam o acesso e a permanência das mulheres na ciência.   

Foto: Divulgação Seed

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