Projeto ‘Rex Bot’ estimula protagonismo e habilidades socioemocionais a partir do hiperfoco de aluna com TEA
Autor: Caio Queiroz (estagiário)
Uma iniciativa desenvolvida no Centro de Excelência Deputado Joaldo Vieira Barbosa, unidade de ensino da rede pública estadual no município de Salgado, está mudando a forma como a robótica educacional pode ser utilizada como ferramenta de inclusão e valorização das individualidades. Intitulado ‘Rex Bot e o Despertar do Protagonismo’, o projeto é resultado das atividades da eletiva ‘Livre Robominds’, coordenada pela professora Andréa Ameno, com apoio do coorientador Denisson de Oliveira Libório, e demonstra como a escuta sensível e o respeito à diversidade podem promover trajetórias de aprendizagem mais humanas.
A criação do projeto nasceu da sensibilidade pedagógica e da escuta atenta às necessidades da estudante neurodivergente, Eloá Christina Barbosa Costa Rosa, participante da eletiva de robótica. Durante as aulas da disciplina, os alunos foram convidados a sugerir ideias para a construção de robôs, e Eloá propôs a criação de um robô inspirado em um dinossauro. A proposta foi acolhida pela equipe docente e pelos colegas, transformando a paixão da aluna em uma ferramenta de aprendizagem.
A iniciativa permitiu que a estudante participasse ativamente de todas as etapas do projeto, desde a concepção até as apresentações públicas. A transformação da estudante foi percebida por toda a comunidade escolar, que notou melhorias na autoestima, comunicação, engajamento e habilidades sociais da jovem. Além disso, o projeto impactou positivamente os demais alunos, promovendo um ambiente de empatia, respeito às diferenças e valorização da diversidade.
De acordo com a coordenadora do projeto, Andréa Ameno, o projeto mostrou que quando a tecnologia se alia ao cuidado pedagógico e à escuta ativa, ela se torna um instrumento de inclusão. “Mais do que construir um robô, a turma viveu uma experiência de inclusão real, onde a valorização das diferenças gerou aprendizado coletivo, vínculos mais fortes e um resultado criativo e significativo para todos. O maior aprendizado foi perceber que incluir não é adaptar o aluno ao sistema, mas transformar o sistema para acolher todas as formas de aprendizagem”, afirmou.
Além de Eloá, outros alunos também participaram da construção e desenvolvimento do projeto: Bruna Lima Freitas Rodrigues, Luka Gabriel Santos Oliveira, Guilherme Silva Alencar, Laís Elenilda Oliveira Santos e Maria Carolina Andrade Fontes.
O projeto se baseia em princípios da robótica educacional como prática ativa e interdisciplinar, com objetivo de promover o desenvolvimento técnico e socioemocional dos alunos. A proposta envolve o estímulo à criatividade, à colaboração e ao respeito às singularidades, especialmente de estudantes neurodivergentes.
Para a mãe de Eloá, Elaine Christian, o projeto foi importante na vida da sua filha, pois foi a partir dele que a estudante se sentiu valorizada. “Ela contou que, na antiga escola, se sentia inútil, mas na nova, passou a se sentir valorizada, principalmente por participar de um projeto em que pôde sugerir a criação de um robô em forma de dinossauro. Algo que ela ama, mas achava que os colegas não entenderiam. Para sua surpresa, o grupo aceitou sua ideia com entusiasmo, o que a fez perceber que sua paixão podia ser importante para outros também”, destacou.
“No início, Eloá tinha medo de falar e dificuldades em trabalhar em equipe, mas com o tempo ganhou confiança ao ver que os colegas pediam sua opinião e ouviam suas explicações sobre dinossauros e montagem do robô. Hoje, ela se sente mais acolhida nas aulas e acredita que a escola pode ser um lugar onde não está sozinha”, complementou Elaine.
Para a estudante Bruna Rodrigues, participar do projeto foi uma experiência marcante. “Desde o início, nosso grupo teve a liberdade de criar algo que fizesse sentido para a gente. A ideia de fazer um robô dinossauro veio de uma colega nossa, Eloá, que é neurodivergente e tem um grande interesse por dinossauros. A gente não só estava construindo um robô, mas também criando um ambiente onde todo mundo pudesse participar e se sentir valorizado”, afirmou.
“Aprendi muita coisa ao longo do projeto, tanto na parte técnica da robótica, enfim, quanto na parte humana. Aprendi a escutar melhor, a adaptar a comunicação para incluir todo mundo e, principalmente, entendi que a inclusão não é só aceitar as diferenças, mas transformar o ambiente para que todos possam aprender de verdade”, completou Bruna.
Fotos: Unidade Escolar