Seduc reúne educadores e gestores em seminário temático “Construindo pontes para não violência nas escolas”

Por Francimare Araújo
Fonte: Ascom/ Seduc

A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) realizou na manhã desta quinta-feira, 28, no Teatro Atheneu, em Aracaju, o seminário intitulado "Construindo pontes para não violência nas escolas". O momento reuniu equipes gestoras das unidades escolares, gestores das diretorias regionais de educação, comunidades escolares e as redes de proteção, com a finalidade de debruçar-se sobre a temática da não violência nas escolas. A ação foi desenvolvida pelo Departamento de Apoio ao Sistema Educacional e Serviço de Projetos Escolares em Direitos Humanos (Sepedh).

 

O encontro dá continuidade às ações de cultura de paz no ambiente escolar, momento que oportuniza um amplo debate aos participantes e membros da Rede Pública de Educação, a fim de apresentar e pensar estratégias com o intuito de reduzir a incidência dos casos de violência nas escolas; ouvir os membros da rede de proteção para reflexão sobre o atual cenário vivido pelas escolas. Na ocasião foi lançado o Protocolo de Atenção à Violência Praticada ou Percebida na Escola, o qual, posteriormente, será distribuído para todas as unidades de ensino.

 

O impacto enfrentado por todos e, principalmente, pelos estudantes, diante da pandemia de covid-19, implicou mudanças evidenciadas em sinais de irritabilidade, sofrimento psíquico e dificuldades de sociabilidade durante a retomada das aulas presenciais. Considerando esse cenário, o secretário da Seduc, professor Josué Modesto dos Passos Subrinho, discorreu sobre pontos de atenção essenciais vinculados ao tema. Segundo ele, há muitas violências que passam pelos olhos de todos, porém existem também aquelas que não são percebidas. 

 

“A volta às aulas fez aflorar as sequelas acumuladas nesses quase dois anos de pandemia. São sequelas emocionais, psicológicas e educacionais que temos de tratar. A nossa maior preocupação é que a violência não exclua os nossos alunos da escola; que eles não tenham medo de ir à escola. É importante dizer que há a violência constatada, violência percebida e não percebida, pos existem situações difíceis que não conseguimos perceber, e é por está razão que precisamos ter capacitação e treinamento para perceber e encaminhar uma cultura da não violência nas escolas”, relatou o secretário Josué Modesto. 

 

Durante o lançamento do protocolo de violência praticada ou percebida na escola, a diretora do Dase, Eliane Passos, apresentou o documento contendo os conceitos e a forma como o material deve ser trabalhado no cotidiano escolar. O protocolo percorre pelos princípios da identificação dos casos de violência, enfrentamento, esclarecendo pontos como proteção, formação e intervenção, e demais esclarecimentos. “As políticas públicas implementadas no âmbito da Seduc junto à rede de proteção dão sustentação à orientação e ao comportamento esperado pelo professor que está na sala de aula, o diretor que também está na escola, para agir a partir de casos materializados no dia a dia. Sabemos que não é uma ação que começa e se encerra na escola, mas ela tem o olhar de profissionais da escola e envolve uma série de elementos”, disse. 

 

A presidente da União dos Direntes Municipais de Educação de Sergipe (Undime/SE) e DME de São Cristóvão, Quitéria Barros fez uma fala na abertura do encontro e disse que promover a cultura de paz nas escolas é um dever de todos. “Nós, os educadores também pertencemos a uma sociedade patriarcal, racista, homofobia e sexista e que levamos para o ambiente escolar, todas as formas de violência levamos para o fazer pedagógico. Há uma necessidade que os todos tenham formação para trabalhar com essas questões no ambiente escolar”.

 

 

Ela lembrou que também não se pode colocar sobre os ombros dos professores, unicamente, a responsabilidade de cuidar dos diversos tipos de violência. “Precisamos estabelecer um diálogo social, dialogar com a família, com outros setores, ações intersetores para dar conta de todos os tipos de violência”, destacou.

 

O bate papo dos palestrantes com o público rendeu a articulação de temas transversais que atravessam o problema da violência nas escolas. A professora Telma Vinhas, que leciona na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou sobre “Pandemia, violência escolar e construção da convivência”, objetivando, segundo ela, “compartilhar com os participantes alguns impactos da pandemia nas escolas e mostrar alguns procedimentos que a escola pode realizar, além de conversar sobre saúde mental, transtorno de ansiedade generalizada, e outros fatores que encontramos nas escolas”. 

 

Já o professor e pesquisador César Amaral Nunes, da Unicamp, tratou do tema “O Papel Coletivo da Não Violência”. O professor fez sugestões coletivas no enfrentamento de conflitos entre professor e estudante, por exemplo. Segundo ele, é possível criar redes de diálogos a partir da escuta e de criação de elos, oportunizando a solução das incidências nas escolas. “Coletivamente nós precisamos nos organizar. É difícil fazer isso, mas é que nós vamos sair mais fortes para esse tipo de provocação, na qual os professores começam a criar um clima de fortalecimento em grupo. Esse tipo de processo fortalece a categoria e gera aprendizado para todos”, comentou. 

 

Os professores Tarcísio Tavares, diretor do Colégio Estadual Professora Maria das Graças Melo de Azevedo, localizado no bairro Porto Dantas, em Aracaju; e Marciele Ribeiro, coordenadora da Escola Estadual Professora Cecinha Melo Costa, situada no conjunto Marcos Freire 2, no município de Nossa Senhora do Socorro, compareceram ao seminário em busca de orientações de como proceder nas escolas diante de intercorrências. 

 

Segundo o diretor Tarcísio Tavares, já existem na unidade Maria das Graças alguns projetos que auxiliam professores e estudantes, mas um momento de formação é fundamental. “Tenho escutado muito a palavra ´cuidado´ e isso me chamou atenção. É sobre saber ouvir e conduzir as situações, assim como temos que cuidar das famílias sabendo a forma de recebê-las na escola porque lá na casa dela também não está sendo fácil. Muitas vezes os alunos reproduzem algo que veem em casa e nós temos que intervir quando acontece na escola. Então, este momento é essencial para que possamos aprender um pouco mais”, disse. 

 

O sentimento da coordenadora Marciele Ribeiro também envolve a aprendizagem socioemocional para atuar na escola onde trabalha. Ela destaca o resgate de alunos que têm problemas de comportamento e de convivência, bem como se coloca como aprendiz para lidar melhor com situações conflitantes. “São esses alunos que precisamos resgatar para a aprendizagem e o vínculo na sala de aula, seja por meio de projetos que desenvolvemos ou na atuação junto às famílias. Por isso é importante para mim estar aqui e aprender como lidar e conduzir os caminhos para uma boa vivência na escola”, conclui

Notícias Anteriores