Colégios trabalharam temas voltados aos direitos humanos, com foco na conscientização e enfrentamento da violência contra a mulher; todos ganharam selo na categoria ouro
Por Alice Mendonça (estagiária)
Seis escolas da rede pública estadual de ensino receberam o ‘Selo Escola Sem Violência’, concedido pelo Ministério Público de Sergipe (MPSE). A premiação, realizada na última terça-feira, 2, reconhece iniciativas pedagógicas voltadas à promoção dos direitos humanos das mulheres e ao enfrentamento das violências previstas na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).
No total, foram 77 selos entregues a escolas de todo o estado, 34 na categoria Selo Prata e 43 com Selo Ouro. Todas as escolas estaduais ganhadoras foram contempladas na categoria Ouro: Centro de Excelência Professor João Costa (Aracaju), Centro de Excelência Vitória de Santa Maria (Aracaju), Escola Estadual Djenal Tavares de Queiroz (Moita Bonita), Escola Estadual Manoel Antônio Pereira (Ilha das Flores), a Escola Estadual São José (Malhador – DRE 3) e a Escola Estadual Valnir Chagas (Aracaju).
No evento, a presidente do Conselho Estadual de Educação, Eliane Passos, ressalta a importância da premiação para as seis escolas da rede pública estadual de ensino e reforçou que o compromisso pela educação não se resume a cumprir metas e critérios nas escolas. “Nós não estamos na educação tão somente para cumprir critérios, mas, sobretudo, para transformar a cultura escolar. E com isso nós queremos ambientes que respeitem diversidades, que acolham vulnerabilidades e que ensinem, no cotidiano da escola, que o conflito pode ser mediado, o diálogo pode substituir a agressão, e a escola é um lugar onde todos têm direito de estar, aprender e crescer com segurança”, destaca.
Uma das escolas estaduais que recebeu o selo foi o Centro de Excelência Professor João Costa, de Aracaju, parte da Diretoria de Educação de Aracaju (DEA). A unidade escolar fez uma série de ações durante o ano letivo, com foco especial no mês de março, mês do Dia Internacional da Mulher. Todas elas colocaram como pauta o enfrentamento às violências gerais, concentrando naquelas que atingem a mulher.
Entre as iniciativas, estão: palestras e mesas-redondas com temáticas sobre os direitos humanos, ‘mulheridades’ e desafios do machismo estrutural; participação de 15 alunas e duas professoras no programa ‘Se Liga Mulher, Seu Futuro é Teu’, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-Sergipe); desenvolvimento do projeto ‘Empreendedorismo da Mulher Negra’, que valoriza o protagonismo, a resistência e a criatividade feminina preta; e trabalhos em disciplinas eletivas.
O diretor do Centro de Excelência Professor João Costa, Rogério Luiz da Silva, ressalta a contemplação do selo, destacando o reflexo das ações feitas pela escola neste ano. “Todas essas ações nos consagraram com esse selo, e agora queremos perpetuar esse trabalho de conscientização. Nós entendemos que a violência está na sociedade, e só vamos erradicá-la se nos conscientizarmos, principalmente quando se fala de feminicídio, envolvendo tanto as alunas, para se conscientizem quando estão sendo violentadas, quanto os alunos, para que eles não perpetuem essa violência”, afirma.
Outra instituição da rede que recebeu o selo foi a Escola Estadual Professor Valnir Chagas, também de Aracaju (DEA). A unidade fez uma série de ações, também no mês de março, que integraram o Projeto ‘Março de Combate à Violência’. Foram desenvolvidas aulas interativas com alunos do 6º e 7º anos, que trabalharam na Lei Maria da Penha, com a produção de cartazes e cordéis, leitura de livros, exibição de vídeos educativos e formação de rodas de conversa. Um dos destaques foi a construção de mural interativo, que se utilizou do contraste de frases negativas e machistas com frases de reafirmação dos direitos femininos, para a conscientização da comunidade escolar.
Outra ação que fez parte do projeto foi o podcast estudantil ‘Educacast Valnir: Papo Reto sobre Respeito’, que estimulou os estudantes a criar pequenos episódios que dialogam com toda a comunidade escolar, promovendo a igualdade de gênero e a explicação didática sobre o que é a violência contra a mulher, como combater o machismo e como realizar denúncias aos órgãos competentes. Por fim, os alunos também fizeram uma peça teatral em sala de aula para ensinar como reagir a cenários desse tipo de violência, explicando os canais de atendimento que devem ser acionados, como a Delegacia da Mulher, o Disque 100 e o Ligue 180.
Todas essas ações foram coordenadas pela professora de Geografia, Regina Cecília Cox, que ressalta o impacto delas na vida dos estudantes. “Algo a ser destacado desse projeto é que se perceberam vários alunos relatando que eles viviam em ambientes violentos e nem percebiam essa violência, ou eram violentos e também não tinham essa noção. Então, foi um despertar sobre a violência e os diversos tipos dela que nós trabalhamos, como a violência na internet, na comunicação, e a violência que é feita contra neurodivergentes, por exemplo. Com isso, trabalhamos a importância de olhar para nossa própria atitude, socialmente falando, para saber se somos vítimas dessa violência”, conclui.
Canais de denúncia
Se você sofre ou presencia violência contra a mulher, ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou Disque 100. A denúncia também pode ser feita em delegacias especializadas ou na unidade policial mais próxima.
Fotos | Ascom Seed




