Seminário em Direitos Humanos discute a importância dos avanços no acolhimento às pessoas LGBTQIAPN+ no ambiente escolar

Por Michele Becker
Fonte: Ascom/ Seduc

Em parceria da Seduc e Seasic, o evento aconteceu no auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória, em alusão a Semana da Visibilidade Trans

 

 

Com vistas a pensar estratégias e possibilidades da construção de uma escola acolhedora e respeitosa, o Governo de Sergipe, por meio das Secretarias de Estado da Educação e Cultura (Seduc) e da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic), promoveu o Seminário Educação em Direitos Humanos. O evento aconteceu na manhã desta quarta-feira, 31 de janeiro, no auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória, em Aracaju, em alusão a Semana da Visibilidade Trans.

 

De acordo com a Chefe de Serviço de Projetos Escolares para os Direitos Humanos da Seduc, Adriane Damascena, a escola, com o auxílio da família, é responsável por despertar, nos estudantes, atitudes de respeito às diferenças para a boa convivência escolar e social, ao cumprir o papel de desenvolver o cidadão crítico, autônomo e participativo. Por isso, ela deve ser uma instituição capaz de transformar a vida do cidadão, para assim transformar a sociedade.

 

“Esta é uma pauta fundamental e encontra-se presente na política de cultura de paz que nós temos enquanto princípio de um processo pedagógico e educativo dentro da Seduc. A partir desta compreensão da cultura de paz e da educação em direitos humanos, que atentam para a dignidade da pessoa humana e o respeito ao próximo, a gente entende que esta discussão deve acontecer de forma transversal e intersetorial”, destaca.

 

Na avaliação do diretor do Departamento de Direitos Humanos da Seasic, Jorge Villas-Bôas, este evento é marcante por conta dos 20 anos de luta pela visibilidade Trans, mas também por fazer parte de uma política pública presente desde o início da gestão do governador Fábio Mitidieri.  “Temos trabalhado com várias ações educativas e de conscientização que visam a proteção, a inclusão e o acolhimento da população LGBTQIAPN+ em nossa sociedade. Ações anteriores já ocorreram no mesmo sentido como, por exemplo, nos festejos juninos. Agora, com a chegada do novo ano letivo, é o momento de retomarmos essa discussão dentro de nossas escolas”, comenta.

 

Programação

 

O seminário foi programado para acontecer em quatro momentos: primeiro, com a realização de uma ‘Mesa de Diálogos’, que contou com a participação da presidente do Conselho Estadual LGBT e coordenadora Estadual de Políticas Públicas para População LGBTQIAPN+, Silvania Santos de Sousa, da professora do Departamento de Letras da UFS e co-orientadora do projeto de pesquisa ‘Desnaturalizando a LGBTfobia na escola’ que vem sendo realizado junto ao estudantes do Centro de Excelência Ofenísia Freire e o Colégio Estadual Petrônio Portela, professora doutora Taysa Mércia, da doutoranda da UFS e assessora parlamentar, Dayanna Louise Leandro dos Santos, e da advogada e coordenadora do Coletivo Mães pela Diversidade, Alessandra Tavares.

 

Em sua fala, a coordenadora Estadual de Políticas Públicas para população LGBTQIAPN+, Silvania Santos de Sousa, enfatiza que, no Brasil, 72% das mulheres trans não possuem ensino médio completo, pois deixam de frequentar a escola por consequência de bullying, discriminação, não respeito ao nome social, restrições nas práticas esportivas e agressões físicas. Outro dado chocante é que 90% das pessoas trans e travestis trabalham com a prostituição como única fonte de renda.

 

 “Eu costumo dizer que a educação forma e o trabalho transforma. Então, essa população trans passa por um processo de exclusão muito grande que começa no núcleo familiar, com a expulsão de casa; perpassa a escola até culminar na evasão escolar; e acaba se refletindo nas parcas oportunidades de trabalho, pois se você não tem uma formação básica, não consegue competir por melhores vagas de emprego. Bem no fim, a sociedade acaba empurrando estes jovens à prostituição. Neste sentido, a principal mensagem que eu gostaria de deixar para os profissionais de educação é que cuidem de todas as pessoas como se fossem únicas porque efetivamente o são. Tenham um olhar mais sincero e mais cuidadoso com essa população, pois só queremos que os nossos direitos sejam respeitados“, defende.  

 

Na sequência, o professor doutor Moisés Santos Menezes apresentou dados de uma pesquisa realizada junto à população LGBTQIAPN+ durante o seu doutorado e que resultou na publicação do livro Fora da Caixa: violência contra a diversidade sexual e de gênero na educação’. Após sua fala, o professor teve a oportunidade de realizar o lançamento do livro e conversar pessoalmente com professores da rede pública estadual de ensino.

 

Por fim, o Seminário Educação em Direitos Humanos encerrou as atividades com um Pocket Show, apresentado por Roberta Lima, para um público comprometido com a construção de ambientes escolares mais acolhedores e livres de preconceitos e discriminações de qualquer natureza.

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